Localizada entre os municípios de Sorocaba, Araçoiaba da Serra e Salto de Pirapora se encontra a Fazenda do Zoologico de São Paulo destinada tanto para a produção de alimentos para seus animais, como principal alternativa para a criação e a reprodução de determinadas especies como Zebra Damara, Grande Kudu, Oryx e Waterbuck.
A Fundação Parque Zoológico de São Paulo mantém há 25 anos uma fazenda diferenciada pela vocação e pelas práticas de cultivo. Sua produção é desenvolvida pelo sistema de gestão ambiental certificado pela norma ISO 14.001 e destinada quase toda à alimentação dos mais de 3,5 mil animais do Zôo, sendo 102 espécies de mamíferos, 216 espécies de aves, 95 espécies de répteis, 15 espécies de anfíbios e 16 espécies deinvertebrados, em recintos que reproduzem os habitats naturais desses animais. A fazenda do Zôo, de 572 ha, produz hortaliças usadas na fabricação de rações variadas para os animais, além de material para os recintos onde ficam os animais. Nela ficam animais que precisam de maior área para acasalamento.
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Ilhas dos macacos no zoológico |
O engenheiro agrônomo Sérgio Esper Saliba explica que a aquisição da propriedade foi motivada por constantes problemas de intoxicação dos bichos, ocorridos em função de consumo de produtos sem garantia de procedência. Há 18 anos à frente da unidade agrícola, conta que o manejo criterioso, integrado a métodos de combate químicos e mecânicos, garante a qualidade da produção de 30 tipos diferentes de alimentos, realizada com o uso limitado de insumos agrícolas.
“Isso assegura aos alimentos alto valor nutritivo e melhor qualidade biológica”, afirma. Compõem esses cuidados o uso de variedades resistentes, descanso de áreas, rotação de culturas, plantio direto, adubação verde, adubação química equilibrada e adubação orgânica, além de cobertura morta, entre outras técnicas de cultivo. São práticas que renderam à Fazenda do Zôo, como é conhecida, a certificação por sua gestão ambiental. “É uma das poucas que têm o ISO 14.100”, afirma Saliba.
São produzidos fenos de diversas gramíneas e, dependendo da preferência alimentar de cada espécie animal, outras forragens – capim-elefante, cana-de-açúcar, guandu e sorgo – são fornecidas trituradas, ou simplesmente amarradas em feixes. Com esse propósito também são preparadas grandes quantidades de silagem de milho, formatadas e fermentadas em dois grandes silos-trincheira, com capacidade para 150 toneladas cada.
Matéria-prima principal dos alimentos concentrados, o grão é o carro-chefe da produção agrícola. São 900 mil quilos de milho por ano, cuja maior parte é enviada ao Zoológico para processamento em forma de quirera ou fubá, ou usado na fabricação de rações balanceadas. O excedente é vendido em leilão público e o dinheiro aplicado no custeio da propriedade.
Assim como na produção, cuidados especiais são tomados na armazenagem de produtos, no que se refere, principalmente, à umidade dos grãos. Num grande silo metálico, com capacidade para 600 toneladas, é estocada mais da metade da produção do milho. O recinto tem sistema de ventilação adequada para conservação do cereal, que é consumido em curto período. O restante, destinado a leilão, fica armazenado na Ceagesp.
Além dessa precaução, há o controle da produção, com base na demanda dos animais. O plantio é escalonado para possibilitar o consumo de alimentos sempre frescos. “O cultivo feito na hora certa, assim como a colheita, garante qualidade biológica melhor ao alimento”, informa Saliba.
Outros materiais – A produção não está centrada apenas na alimentação dos animais. A fazenda fornece ainda materiais usados na construção, reforma, ornamentação e forração de recintos do parque, como madeiras, sapés, bambus, mudas e fardos de gramíneas. Responsável pelo setor de produção rural há pouco mais de um mês, o engenheiro agrônomo Geraldo Magela Ferreira considera o trabalho na Fazenda do Zôo uma atividade especial por ser totalmente direcionada ao abastecimento do parque. “O trabalho requer pesquisa apurada e o foco não pode ser perdido em nenhum momento”, avalia.
Inicialmente com 15, chegaram a cultivar 45 produtos diferentes, conforme a necessidade e as condições climáticas. Agora, estão com 30. A maior parte na condição de sequeiro (sem irrigação). Apenas a horta é irrigada. Já a produção de grãos tem aumentado ano a ano. “Concluída a cadeia produtiva, os alimentos seguem para consumo contendo informações sobre procedências”, completa Magela.
Um caminhão próprio transporta os produtos às segundas, quartas e sextas-feiras. A preparação da carga é feita de acordo com a solicitação que chega do setor de alimentação da Fundação. “A rotina da fazenda nesses dias na parte da manhã abrange o carregamento do caminhão, feito com o máximo cuidado para preservar os produtos”, conta Saliba.